Zildo Gallo
Escada – Museu de Arte
da Filadélfia (exposição Salvador Dali)
Escada profunda
que se interpenetra
e se perde
nas profundezas
infindas de si mesma.
Trilha de sonhos,
loucas visões,
delírios multicores
e devaneios pré-sentidos,
pressentimentos
e ressentimentos tormentosos.
A morte ronda o caminho,
não se achega,
volteia... revolteia...
apenas ronda...
e os sonhos geram,
em cadeia metafórica,
quimérica,
estratosférica,
muitos outros sonhos.
As trilhas trilham
caminhos vários,
infindos,
e, durante o tempo todo,
se partem
e se repartem
e se juntam
e se partem...
Luzes pálidas cegam
olhos míopes embaçados
e a vida se contorce
e se explode em mil pedaços,
vomitando mais sonhos,
alegrias delirantes,
risos fantasmagóricos...
Uma nuvem solitária caminha
no espaço vazio,
levando consigo uma vida,
uma imagem,
choca-se no horizonte
e morre sozinha,
soterrada...
E eu aqui,
em solitária solidão,
buscando palavras,
juntando cacos,
neste insano patchwork,
só me lembrando de Noam Chomsky:
Colorless
green ideas sleep furiously.
Na real: tudo parece
mesmo
fora de qualquer lugar,
em todo e qualquer
lugar;
os sonhos sempre
(sempre?)
e a vida (sempre?) muitas
vezes
apresentam-se em nonsense
total,
(ir)realmente...
Zildo Gallo
Americana, SP, março de 1975.
Revisão: Campinas, SP, maio de 2017.
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