segunda-feira, 30 de julho de 2018

RETA E SEGMENTO (poema geométrico)


Zildo Gallo

https://alguimaraes.wordpress.com/2013/08/13/os-postulados-de-euclides-ideias-geniais-02/

O fim é o começo
O começo é o fim
O meio não é
Nem uma coisa
Nem outra
O meio é a certeza
De algum começo
E a (in)certeza
De algum fim
A reta é um sem fim
E nem começo
Só um seu segmento
Pode ter princípio
Meio e (alg)um fim
E qualquer segmento
É um mero fragmento
Do imensurável infinito
Onde todas as paralelas
Se encontrarão
E daí: como é se encontrar
No infinito paradoxal?


domingo, 29 de julho de 2018

ORNITORRINCO

Zildo Gallo

http://felipepizzi.blogspot.com/2014/02/ornitorrinco-existe.html


Conheci um ser que só pensa
Que tudo neste mundo pode ser
Acredita ser um pato verdadeiro
Até se sente um engenhoso castor
Aquele que já nasce engenheiro

A sua companheira até bota ovos
Como as patas e as galinhas
E também as viajantes andorinhas
Também amamenta os seus bebês
Como as gatas e as cadelinhas

O cara veio a este mundo
Só pode ser para me provar
E com certeza comprovar
E nenhuma dúvida deixar
Que a vida é uma coisa só

Neste planeta bem multicolorido
Tudo é muito junto e enrolado
Parece até um gigantesco novelo
Um arco-íris de infinitas cores
Onde tudo está bem misturado

segunda-feira, 23 de julho de 2018

LAPIDAÇÃO


Zildo Gallo

http://www.freejpg.com.ar/free/info/100008722/piedras-bajo-el-agua

O mundo vai girando
As águas vêm descendo
Os seixos vão rolando
As águas vão passando
E lapidando
E alisando
Nas lonjuras do tempo
Já priscas eras passadas
O tempo é a paciência
Do divino lapidador


SOBRETUDO E NADA


Zildo Gallo

https://www.spiritfanfiction.com/historia/tanto-faz-10111708

Além do mais
Do muito que se disse
Tanto já se faz
Como tanto já se fez
Foi-se a vez
De vez... de vez...
E os pássaros voando
Valem bem mais
Que o pássaro à mão
Que se abram todas as mãos!
Que voem todos os pássaros!
Sem essa de tanto faz
Sem essa de tanto fez
Os pássaros são para voar
Voar... voar... voar...

segunda-feira, 16 de julho de 2018

DESTINO ÀS CLARAS


Zildo Gallo

https://pixabay.com/pt/luczniczka-bydgoszcz-est%C3%A1tua-904030/

E a criança seguirá o seu destino
Uma flecha lançada no espaço
Os ventos moldarão a trajetória
Mas o alvo estará às escondidas
Em algum lugar
Longe ou perto
No meio ou nas margens
De algum provável caminho

Para Clara que veio ao mundo em 21 de junho de 2018

quinta-feira, 5 de julho de 2018

INTERIORES


Zildo Gallo


http://musicasdavenus.blogspot.com/2014/04/chico-buarque-gota-d.html

O que trago de onde venho?
Trago um pote de mágoas
E me arrasto em pegajoso fel,
Carrego um pote já sem águas
E só peço um pouco de mel,
Energia para atravessar
O pântano de mim mesmo
E domar a fera a me devorar.
Só peço que as águas lavem
Me lavem... me lavem...
Me levem... me levem...
Rumo às outras águas,
Àquelas serenas águas
Do meu mundo interior.

TEMPO E ROUPA SUJA