segunda-feira, 1 de agosto de 2016

OS ARCANOS MAIORES DO TARÔ EM POEMAS: A ESTRELA

Zildo Gallo

Dando continuidade ao proposto em 26 de abril de 2016, um dia outonal nublado, eu publico hoje, 1º de agosto de 2016, num dia invernal ensolarado, seco e um pouco frio, um poema sobre a minha percepção da carta número 17 (dezessete) do Tarô de Marselha, a Estrela. Relembrando, desde 1990 eu estudo as diferentes versões do Tarô, desde a mais antiga, Tarô de Marselha, até as mais novas, como o Tarô dos Orixás, por exemplo. A Estrela é a décima sétima carta da jornada arquetípica do Tarô e, após ela, continuarei publicando pelo menos um poema por semana e, ao cabo de mais ou menos 20 semanas, com início em abril de 2016, terei passado uma visão completa em forma de poesia sobre todos os arcanos maiores.


A ESTRELA

Querer... e não ver as estrelas,
Ponto de luz nas trevas,
Cacos incertos de vida acima do asfalto,
Enigma do eterno
E da airosa esperança.
Olhar a rua que passa
E ver um mundo obscuro caminhar
Do outro lado da calçada.

Trancar-me na escuridão do quarto,
devorando incertezas.
Esperar que o peito dilacerado me leve
Aos caminhos do coração.
Em luta, reluto...

Sonhar, não sonhar,
Viver, não viver,
Se tudo acabar,
Nada a perder.
Abrir porta e janela,
Deixar entrar a brisa
E esperar...

Haverá um tempo
Em que colocarei o olhar
Na linha do horizonte e não sentirei
O peito apertar-se,
Sem ansiedade e sem temor...

Haverá um tempo do dever cumprido,
Do contemplar o edifício acabado,
A casa do espírito em paz,
Serena paz,
O coração tranquilo.

Haverá um tempo para contemplar
As águas mansas do regato
Que, lentamente, lentamente...
Caminham para seu destino maior,
Rumo ao distante oceano,
Carregando as más águas
Dos meus cântaros esvaziados.

Haverá um tempo
Em que olharei para trás
E sentirei,
Aproximando-me do imenso oceano,
A certeza de ter feito o melhor
No sinuoso e acidentado caminhar.


2 comentários:

A QUE VIM