Zildo Gallo
Continuando
o proposto em 26 de abril de 2016, um dia outonal nublado, eu publico
hoje, 20 de julho de 2016, num dia invernal ensolarado, seco
e com baixas temperaturas, um poema sobre a minha
percepção da carta número 15 (quinze) do Tarô de Marselha, o Diabo.
Relembrando, desde 1990 eu estudo as mais diferentes versões do Tarô, desde a
mais antiga, Tarô de Marselha, até as mais novas, como o Tarô dos Orixás, por
exemplo. O Diabo é a décima quinta carta da jornada arquetípica do Tarô e, após
ela, continuarei publicando pelo menos um poema por semana e, ao cabo de mais
ou menos 20 semanas, com início em abril de 2016, terei passado uma visão
completa em forma de poesia sobre todos os arcanos maiores.
O DIABO
Olha bem para mim!
Não há nada para temer...
Não sei porquê te espantas,
Sou teu amigo velho e habito
Nos teus desejos mais secretos,
Nos teus impulsos mais reprimidos.
Montaram-me aos pedaços,
Com restos de bichos e de gente,
Mas sabes que não sou assim,
O teu falso medo deforma a minha real
beleza;
De fato, sou o teu amigo mais secreto
E te sigo feito sombra por onde fores.
Tu te prendes a mim por magnética
corrente,
Feita de alegrias delirantes e pungentes
dores.
Estou nos prazeres que te levam por
instantes às alturas
E também às profundezas das cavernas
Mais grudentas, sombrias e assombradas,
Que se enfiam na dureza da crosta
terrestre.
Afirmo-te com a mais indelicada firmeza:
Não ascenderás aos reinos celestiais,
Se não conheceres os reinos carnais,
Onde comando como absoluto senhor que
sou
E onde tudo é apenas uma distorção
Do que se apresenta nos outros.
Não adies o teu encontro comigo,
Pois é tolamente inútil fazê-lo.
Somente relaxe e assim de fato verás
Que sou apenas a tua caricatura,
O lado escuro da tua verdadeira luz,
Que eu até posso ajudar a (re)iluminar.
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