quinta-feira, 23 de junho de 2016

OS ARCANOS MAIORES DO TARÔ EM POEMAS: A RODA DA FORTUNA

Zildo Gallo

Continuando o proposto em 26 de abril de 2016, um dia outonal nublado, eu publico hoje, 23 de junho de 2016, num dia suavemente frio, ensolarado e sem os ventos outonais, no início do inverno do hemisfério sul, um poema sobre a minha percepção da carta número 10 (dez) do Tarô de Marselha, a Roda da Fortuna. Relembrando, desde 1990 eu estudo as mais diferentes versões do Tarô, desde a mais antiga, Tarô de Marselha, até as mais contemporâneas, como o Tarô dos Orixás, por exemplo. A Roda da Fortuna é a décima carta da jornada arquetípica do Tarô e, após ela, continuarei publicando pelo menos um poema por semana e, ao cabo de mais ou menos 20 semanas, que teve início em abril de 2016, terei passado uma visão completa em forma de poesia sobre todos os arcanos maiores.


A RODA DA FORTUNA

É um vir-a-ser intangível,
é o instante seguinte a nos esperar,
é o rodar da roca das Moiras
que, seguindo o girar do tempo,
o rodopiar azul da Terra,
vai fiando a linha da nossa vida.

São os movimentos de Gaia,
nossa mãe,
que gera a vida
em ciclos de nascimento e morte,
de morte e vida,
de partidas e retornos.

São processos invisíveis,
inacessíveis,
à nossa risível e humana condição,
envolta em névoa,
que limita e delimita
a visão do caminho à frente.

Movimentos imperceptíveis
que nos lançam
na supremacia
da surpresa permanente do viver,
Do eterno vir-a-ser.

Para entender melhor "A RODA DA FORTUNA", transcrevo aqui um poema escrito em 2001, onde falo da insegurança do porvir, da necessidade fóbica que temos de controlar o futuro e da mediocridade da vida sem as surpresas.

DESEJO E DESTINO

Desejar ter o minuto seguinte
preso entre as mãos
desejar a paralisia do tempo
para reorganizar o tabuleiro
do xadrez das nossas vidas
desejando ardentemente
a não existência do outro jogador
que move as suas peças
fora do nosso controle
desejar a construção de via reta
para o nosso caminhar
e perder a aventura da surpresa
e desejar
ainda
ser feliz.


Zildo Gallo - Piracicaba, SP, 24 de outubro de 2001


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