Zildo Gallo
Continuando o proposto em 26 de abril de
2016, um dia outonal nublado, eu publico hoje, 23 de junho de 2016, num dia
suavemente frio, ensolarado e sem os ventos outonais, no início do inverno do hemisfério sul, um poema sobre a minha
percepção da carta número 10 (dez) do Tarô de Marselha, a Roda da Fortuna.
Relembrando, desde 1990 eu estudo as mais diferentes versões do Tarô, desde a
mais antiga, Tarô de Marselha, até as mais contemporâneas, como o Tarô dos
Orixás, por exemplo. A Roda da Fortuna é a décima carta da jornada arquetípica
do Tarô e, após ela, continuarei publicando pelo menos um poema por semana e,
ao cabo de mais ou menos 20 semanas, que teve início em abril de 2016, terei
passado uma visão completa em forma de poesia sobre todos os arcanos maiores.
A
RODA DA FORTUNA
É
um vir-a-ser intangível,
é
o instante seguinte a nos esperar,
é
o rodar da roca das Moiras
que,
seguindo o girar do tempo,
o
rodopiar azul da Terra,
vai
fiando a linha da nossa vida.
São
os movimentos de Gaia,
nossa
mãe,
que
gera a vida
em
ciclos de nascimento e morte,
de
morte e vida,
de
partidas e retornos.
São
processos invisíveis,
inacessíveis,
à
nossa risível e humana condição,
envolta
em névoa,
que
limita e delimita
a
visão do caminho à frente.
Movimentos
imperceptíveis
que
nos lançam
na
supremacia
da
surpresa permanente do viver,
Do
eterno vir-a-ser.
Para entender melhor "A RODA DA FORTUNA", transcrevo aqui um poema escrito em 2001, onde falo da insegurança do porvir, da necessidade fóbica que temos de controlar o futuro e da mediocridade da vida sem as surpresas.
DESEJO
E DESTINO
Desejar
ter o minuto seguinte
preso
entre as mãos
desejar
a paralisia do tempo
para
reorganizar o tabuleiro
do
xadrez das nossas vidas
desejando
ardentemente
a não
existência do outro jogador
que
move as suas peças
fora
do nosso controle
desejar
a construção de via reta
para o
nosso caminhar
e
perder a aventura da surpresa
e
desejar
ainda
ser
feliz.
Zildo Gallo - Piracicaba, SP, 24 de
outubro de 2001
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