Zildo Gallo
Continuando
o proposto em 26 de abril de 2016, um dia outonal nublado, eu publico
hoje, 23 de junho de 2016, num dia suavemente frio,
ensolarado e sem os ventos outonais, no início do inverno do hemisfério sul, um poema sobre a minha percepção
da carta número 9 (nove) do Tarô de Marselha, o Eremita. Relembrando,
desde 1990 eu estudo as mais diferentes versões do Tarô, desde a mais antiga,
Tarô de Marselha, até as mais contemporâneas, como o Tarô dos Orixás, por
exemplo. O Eremita é a nona carta da jornada arquetípica do Tarô e, após ela,
continuarei publicando pelo menos um poema por semana e, ao cabo de mais
ou menos 20 semanas, que teve início em abril de 2016, terei
passado uma visão completa em forma de poesia sobre todos os arcanos maiores.
O EREMITA
Minha sina é caminhar
E há muito... muito tempo caminho,
Como o grego Diógenes caminhava,
Levando como ele a minha lanterna,
Que ergo no alto e à frente
Como quem por algo procura,
Mas não procuro alhures,
Cinicamente,
Como ele procurava,
Por um homem que fosse de bem.
Caminho só,
Testando cada terreno com a firmeza
Do meu velho e sólido cajado,
Que comigo envelheceu na poeira das
estradas
E que, por si só, como amigo e antigo
aliado,
Já adivinha o meu próximo passo,
Cada próximo passo,
Um de cada vez,
Sem pressa,
Pois a pressa é inimiga da sabedoria.
A minha lanterna erguida à frente
Ilumina um caminho curto,
Um pouco maior que cada passo meu,
Limitando o alcance dos meus olhos exteriores,
Permitindo-me, enquanto traço meu caminhar,
A possível entrada,
A necessária entrada,
Nas estreitas e acidentadas trilhas
Do meu mundo interior,
Onde busco
Com os olhos do espírito
Um homem
Que seja verdadeiramente de bem.
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