O CASO DAS ORGANIZAÇÕES GLOBO
Zildo Gallo
O site Conversa Afiada
(http://www.conversaafiada.com.br/pig/e-assim-o-odio-de-classe-da-globo) reproduziu o artigo "O jornalismo cínico e o
ponto de não-retorno" escrito pelo professor da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Francisco José Castilhos Karam, que foi
publicado no Observatório de Imprensa em 06/02/2016. Dele extraí o quadro
abaixo, que mostra com clareza cristalina o tratamento diferenciado em títulos de
matérias do portal G1, das Organizações Globo, para
crimes cometidos por pobres e ricos.
É algo que não dá nem
para comentar. Há que se lamentar apenas. Este é um retrato claro de como a
maior empresa de comunicação do país enxerga os cidadãos que não são membros da
elite econômica do Brasil.
Na verdade, o G1 apenas reproduz o que pensa
parte bastante significativa dos melhores aquinhoados pela riqueza no nosso
País. Escancarou-se nos últimos tempos uma miríade de ódios baseados na mais
pura ignorância, que mostram um lado nada bonito de uma fração significativa do
povo brasileiro: preconceito racial, social, de gênero etc. A sombra da
população está exposta à luz do dia. São intolerâncias e ódios antigos que
estavam apenas acobertados, mais ou menos acobertados, aguardando o momento certo para se manifestarem.
Tais aberrações devem ser combatidas, é claro...
O que se tem para lamentar é que os órgãos da imprensa (não é só a Globo, é óbvio) estão
reproduzindo e fortalecendo as ignorâncias sem nenhum tipo de crítica. Não faz
muito tempo que a humanidade viveu momentos assim, basta que nos lembremos do
nazismo e do fascismo, que se tornaram hegemônicos na primeira metade do século
XX. As intolerâncias ignorantes (existe intolerância sábia?) daquela época chegaram a
produzir uma grande guerra, a Segunda Guerra Mundial. Será que as pessoas se
esqueceram disso, dessa grande tragédia?
Este movimento irracional precisa ser contido
e, infelizmente, não dá para contar com os meios de comunicação, é o que tem parecido até agora... Uma imensa egrégora de sombras tenebrosas está sendo alimentada todos
os dias, em todos os lugares, durante todo o tempo... Movimentos no sentido contrário são mais que
necessários neste momento complicado da história brasileira e do mundo também.
Toda forma de intolerância deve ser denunciada, assim como fez o
professor Francisco José Castilhos Karam para o Observatório de Imprensa
em 06 de fevereiro de 2016.
Reproduzo aqui o primeiro parágrafo do artigo do
Professor Francisco para deixar clara a urgência de se enfrentar esta anomalia
preconceituosa, pois existe um risco real de não-retorno, de fato consumado:
“Em 1988, o psicanalista Jurandir Freire Costa
alertava que a sociedade brasileira poderia estar chegando a um perigoso ponto
de não-retorno. Ela estaria incorporando quatro valores: cinismo, narcisismo, violência
e delinquência. À época, seus estudos tinham como referência, entre outros, as
ideias de Peter Sloterdijk. O filósofo alemão havia escrito, desde a década de
1970, artigos sobre o cinismo. Suas ideias culminariam no clássico livro
“Crítica da razão cínica”, publicado na Alemanha no início dos anos 80, com
grande repercussão naquele País e Europa em geral.”
Com o passar do tempo, uma sociedade majoritariamente cínica,
narcisista, delinquente e violenta, será fatalmente mergulhada num estado de permanente
barbárie, numa guerra de todos contra todos. Indícios disso já estão presentes
no nosso dia-a-dia e a imprensa os têm reproduzido com lentes de aumento,
criando uma espécie de histeria coletiva.
Uma dica: faz bem evitar revistas, jornais e programas de rádio e
TV que, no enfoque de suas matérias, são parciais (a verdade sempre tem dois
lados), pessimistas, superficiais, sensacionalistas e excessivamente raivosos e
preconceituosos. Sobram poucos...
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