segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

QUANDO O JORNALISMO INCITA O ÓDIO SOCIAL

O CASO DAS ORGANIZAÇÕES GLOBO

Zildo Gallo

O site Conversa Afiada (http://www.conversaafiada.com.br/pig/e-assim-o-odio-de-classe-da-globo) reproduziu o artigo "O jornalismo cínico e o ponto de não-retorno" escrito pelo professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Francisco José Castilhos Karam, que foi publicado no Observatório de Imprensa em 06/02/2016. Dele extraí o quadro abaixo, que mostra com clareza cristalina o tratamento diferenciado em títulos de matérias do portal G1, das Organizações Globo, para crimes cometidos por pobres e ricos.

É algo que não dá nem para comentar. Há que se lamentar apenas. Este é um retrato claro de como a maior empresa de comunicação do país enxerga os cidadãos que não são membros da elite econômica do Brasil.




Na verdade, o G1 apenas reproduz o que pensa parte bastante significativa dos melhores aquinhoados pela riqueza no nosso País. Escancarou-se nos últimos tempos uma miríade de ódios baseados na mais pura ignorância, que mostram um lado nada bonito de uma fração significativa do povo brasileiro: preconceito racial, social, de gênero etc. A sombra da população está exposta à luz do dia. São intolerâncias e ódios antigos que estavam apenas acobertados, mais ou menos acobertados, aguardando o momento certo para se manifestarem.

Tais aberrações devem ser combatidas, é claro... O que se tem para lamentar é que os órgãos da imprensa (não é só a Globo, é óbvio) estão reproduzindo e fortalecendo as ignorâncias sem nenhum tipo de crítica. Não faz muito tempo que a humanidade viveu momentos assim, basta que nos lembremos do nazismo e do fascismo, que se tornaram hegemônicos na primeira metade do século XX. As intolerâncias ignorantes (existe intolerância sábia?) daquela época chegaram a produzir uma grande guerra, a Segunda Guerra Mundial. Será que as pessoas se esqueceram disso, dessa grande tragédia?

Este movimento irracional precisa ser contido e, infelizmente, não dá para contar com os meios de comunicação, é o que tem parecido até agora... Uma imensa egrégora de sombras tenebrosas está sendo alimentada todos os dias, em todos os lugares, durante todo o tempo... Movimentos no sentido contrário são mais que necessários neste momento complicado da história brasileira e do mundo também. Toda forma de intolerância deve ser denunciada, assim como fez o professor Francisco José Castilhos Karam para o Observatório de Imprensa em 06 de fevereiro de 2016.

Reproduzo aqui o primeiro parágrafo do artigo do Professor Francisco para deixar clara a urgência de se enfrentar esta anomalia preconceituosa, pois existe um risco real de não-retorno, de fato consumado:

“Em 1988, o psicanalista Jurandir Freire Costa alertava que a sociedade brasileira poderia estar chegando a um perigoso ponto de não-retorno. Ela estaria incorporando quatro valores: cinismo, narcisismo, violência e delinquência. À época, seus estudos tinham como referência, entre outros, as ideias de Peter Sloterdijk. O filósofo alemão havia escrito, desde a década de 1970, artigos sobre o cinismo. Suas ideias culminariam no clássico livro “Crítica da razão cínica”, publicado na Alemanha no início dos anos 80, com grande repercussão naquele País e Europa em geral.

Com o passar do tempo, uma sociedade majoritariamente cínica, narcisista, delinquente e violenta, será fatalmente mergulhada num estado de permanente barbárie, numa guerra de todos contra todos. Indícios disso já estão presentes no nosso dia-a-dia e a imprensa os têm reproduzido com lentes de aumento, criando uma espécie de histeria coletiva.

Uma dica: faz bem evitar revistas, jornais e programas de rádio e TV que, no enfoque de suas matérias, são parciais (a verdade sempre tem dois lados), pessimistas, superficiais, sensacionalistas e excessivamente raivosos e preconceituosos. Sobram poucos...

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