Zildo Gallo
A mitologia grega é muito rica e rivaliza em importância com a mitologia hindu, que também é muito rica e complexa e tem significativa influência na porção oriental do planeta, enquanto a grega age sobre todo o Ocidente. Ela está presente na literatura, no teatro, na psicologia, na filosofia, nas artes plásticas etc. Uma das divindades mais importantes do panteão helênico é Atena, a quem se atribui a invenção da flauta, do trompete, da arte cerâmica, do arado, da sela, da carruagem e do barco. Para os gregos ela foi a primeira divindade a ensinar a matemática e as artes femininas como cozinhar, tecer e fiar. Embora ela seja uma deusa da guerra, ela não sente prazer na batalha, como é o caso de Ares, pois prefere apaziguar os ânimos e resolver os conflitos por meios pacíficos. Na verdade, por conta dos seus atributos, ela pode ser considerada uma deusa da diplomacia muito mais do que da guerra. Abaixo segue um episódio que mostra a sua generosidade em relação aos seres humanos, à ele!
O nome da cidade de Atenas (capital da Grécia e berço da democracia) tem origem num mito, o mito que fala de uma disputa entre dois poderosos deuses do Olimpo: Atena e Poseidon (senhor do mar). O nome da cidade homenagearia quem presenteasse os habitantes com a dádiva mais preciosa.
O nome da cidade de Atenas (capital da Grécia e berço da democracia) tem origem num mito, o mito que fala de uma disputa entre dois poderosos deuses do Olimpo: Atena e Poseidon (senhor do mar). O nome da cidade homenagearia quem presenteasse os habitantes com a dádiva mais preciosa.
Então, aconteceu uma
disputa. Poseidon rasgou o chão com o seu tridente e dele emergiu um majestoso
cavalo, um animal veloz e muito útil na guerra. Atena, por sua vez, bateu no
chão com a sua lança e dele brotou uma planta de folhas prateadas, que imediatamente
carregou-se de frutos, tratava-se da oliveira.
A oliveira é a mais
nobre das plantas que crescem às margens do Mediterrâneo. É uma planta capaz de
resistir às secas e de rebrotar depois de destruída pelo fogo. Sua madeira é
muito forte e dos seus frutos é extraído o azeite, que era usado pelos povos
antigos como alimento (ainda é largamente usado assim), como fortificante para
os músculos dos atletas e dos guerreiros e como combustível para iluminar as
casas e os templos.
O povo não teve dúvida
e por decisão unânime considerou Atena a vencedora e ergueu em sua homenagem um
santuário no ponto mais alto da cidade (akropolis).
Quando temperavam com azeite a sua comida ou quando ungiam os seus corpos para
enfrentar uma dura prova nos jogos olímpicos, os gregos experimentavam a
sensação de entrar em comunhão com a deusa.
O que se ressalta desse
mito é o fato de um povo tão patriarcal como os atenienses ser tão devoto de
uma divindade feminina, uma deusa de origem muito antiga, que teria nascido na
Líbia, no norte da África, e passado posteriormente por Creta, antes de ser
adotada pelos gregos, que a colocaram no seu panteão como filha de Zeus. Nada
disso é estranho, pois a mitologia grega guarda muitos elementos matriarcais oriundos dos
povos que viviam no território grego antes dos gregos, trata-se de um tipo de
sincretismo.
O mito além de
homenagear a Deusa, lembra da importância da agricultura para o desenvolvimento
das cidades, da civilização. As práticas agrícolas serviram para sedentarizar
os seres humanos, fixá-los num determinado território e, a partir dele, produzir
um processo cultural que os lançará numa aventura rumo ao universo,
extrapolando os limites do próprio planeta Terra. A revolução neolítica (descoberta
da agricultura) abriu um caminho que conduziu os humanos da simples luta pela
comida de cada dia para uma situação cultural que os lançará à inimagináveis
aventuras.
Há
que se louvar a sabedoria dos moradores de Atenas, que não se impressionaram
com a majestade do cavalo saído da terra, e compreenderam a importância da
oliveira, uma simples árvore. Sem o cultivo das plantas, infinidades de plantas,
de forma contínua, ano a ano, as cidades não teriam sido possíveis e nem todas
as parafernálias materiais e imateriais produzidas no transcorrer da história
da humanidade. Às vezes nos esquecemos disso...
Ótimo resumo sobre o mito fundante de Atenas
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