O nosso planeta vive hoje uma grande
crise, que afeta não apenas a comunidade humana, mas toda a vida existente. O
que dela desponta como elemento principal é que se trata de um fenômeno
produzido única e exclusivamente pela própria humanidade, que está ligada a sua
trajetória, principalmente a partir do advento da civilização, nos primórdios
do surgimento das cidades, depois do neolítico, a cerca de 6000 anos atrás.
Três aspectos destacam-se na crise
contemporânea: 1) declínio do patriarcado, 2) declínio da era do combustível
fóssil e, 3) insustentabilidade do paradigma da conquista. Trata-se de uma
crise da civilização, onde a humanidade tem, como nunca teve em outros momentos
da história, a oportunidade de rever-se a partir de toda a sua trajetória ou de
mergulhar definitivamente numa barbárie de gigantesca dimensão.
Sobre
o declínio do patriarcado. Ainda
vivemos num mundo onde predomina o domínio masculino, apesar dos muitos avanços
nos tempos recentes, em particular nos países do ocidente. Principalmente no
oriente próximo, as mudanças ocorrem em câmera lenta ou, de fato, em muitos
lugares, não ocorrem. Mas, até mesmo nos países orientais, as tensões
apresentam-se à luz do dia, o que já é um bom sinal.
O patriarcado surge nos primórdios das
cidades com o advento da propriedade privada, do casamento monogâmico e do
trabalho escravo. Vale a pena consultar uma obra clássica sobre o tema: A origem da família, da propriedade privada
e do estado, de Friedrich Engels (1884). Contudo, na Idade do Bronze, até
cerca de 1200 a.C., ainda sobreviviam muitos aspectos das sociedades
matriarcais. A partir daí a situação das mulheres vai sofrendo pioras
significativas. No ocidente, por exemplo, muitos historiadores consideram que a
Idade Média tenha sido um tempo essencialmente masculino, onde elas viviam
destituídas de direitos e, inclusive, sofriam perseguições constantes,
basta que nos lembremos da Santa
Inquisição.
Sobre
o paradigma da conquista. Para
podermos compreender a evolução deste paradigma, temos que voltar no tempo, aos
primórdios da humanidade e, ali, observarmos a extrema fragilidade dos homens em relação às outras espécies, como os grandes felinos, por exemplo. Para
sobreviver naquele ambiente hostil, os humanos precisaram arrojar-se, tornar-se
fortes e agressivos. A batalha pela sobrevivência acontecia todos os dias. Os
homens tornaram-se hábeis caçadores e desenvolveram armas úteis tanto para a
caça como para a defesa. Tiveram que aprender a conviver com os fenômenos
naturais agressivos e sobrepujá-los. Tornaram-se guerreiros em relação às
outras espécies e em relação à sua própria espécie, defendendo o seu
território. Mesmo após a introdução da agricultura e da pecuária eles
continuaram na defensiva, guerreando; a guerra tornou-se a forma de ser da
civilização que despontou depois do neolítico e, ainda hoje, permanece como um
aspecto importante da atualidade.
Neste artigo vou tratar introdutoriamente
da questão feminina e da necessidade de ruptura com o paradigma da conquista,
pois entendo, inclusive, que a necessidade de mudança paradigmática passa com
maior ênfase pela questão de gênero e que esta questão é, em última instância,
espiritual, pois trata-se de uma mudança profunda na forma de ser dos
indivíduos e da sociedade. Sobre a necessidade de superação da era do
combustível fóssil, eu falarei em um outro momento, apesar de não considerá-la,
de forma alguma, uma questão separada das outras duas, pois, de fato, não é.
Para facilitar a compreensão da minha
exposição do tema, lanço mão da filosofia chinesa. Os chineses enxergam o
universo como uma relação, uma relação de duas forças antípodas e, ao mesmo
tempo, complementares. Basta observarmos a natureza, esta é a sabedoria
chinesa: para que exista o frio tem que haver o quente, para o molhado há o seco,
para o mole tem o duro, para o claro tem o escuro, para o triste tem o alegre, para
o bom tem o ruim, etc. De forma bem simples, eles dividem tudo e todos os
fenômenos em dois grandes blocos: YIN e YANG (veja o quadro abaixo).
UNIVERSO
BIPOLAR
|
|
YIN
|
YANG
|
FEMININO
|
MASCULINO
|
CONTRÁTIL
|
EXPANSIVO
|
CONSERVACIONISTA
|
EXIGENTE
|
RECEPTIVO
|
AGRESSIVO
|
COOPERATIVO
|
COMPETITIVO
|
INTUITIVO
|
RACIONAL
|
SINTÉTICO
|
ANALÍTICO
|
Pelo quadro vemos que Yin diz respeito
ao feminino e a todos os seus atributos e que, portanto, Yang diz respeito ao
masculino e seus atributos. Na sua conturbada trajetória, com destaque para os
tempos pretéritos, a humanidade lançou mão com mais vigor dos atributos
masculinos e acabou obliterando os femininos, inclusive com a própria
inferiorização da mulher, guardiã das energias Yin. A humanidade tornou-se
majoritariamente Yang: agressiva, competitiva, racional, expansionista, etc.
Em última instância, a crise econômica e a crise ambiental, citando apenas as duas mais visíveis, decorrem deste desbalanceamento das duas energias primordiais, com a balança pendendo para o lado Yang, o que reforçou e ainda reforça o paradigma conquista. A sobrevivência da humanidade enquanto tal, depende da transição para um novo paradigma, o paradigma do cuidado. É preciso diminuir a competição e aumentar a cooperação, é preciso diminuir a agressão e aumentar a aceitação e assim por diante. E, o que é de muita importância, neste mundo conduzido pela ciência: é preciso dar vazão às outras formas de percepção da realidade, possibilitadas pela intuição, que é a contraparte feminina da racionalidade masculina. O começo da caminhada para o paradigma do cuidado é o resgate da dignidade feminina, uma tarefa ainda árdua para a humanidade, todavia imprescindível.
Em última instância, a crise econômica e a crise ambiental, citando apenas as duas mais visíveis, decorrem deste desbalanceamento das duas energias primordiais, com a balança pendendo para o lado Yang, o que reforçou e ainda reforça o paradigma conquista. A sobrevivência da humanidade enquanto tal, depende da transição para um novo paradigma, o paradigma do cuidado. É preciso diminuir a competição e aumentar a cooperação, é preciso diminuir a agressão e aumentar a aceitação e assim por diante. E, o que é de muita importância, neste mundo conduzido pela ciência: é preciso dar vazão às outras formas de percepção da realidade, possibilitadas pela intuição, que é a contraparte feminina da racionalidade masculina. O começo da caminhada para o paradigma do cuidado é o resgate da dignidade feminina, uma tarefa ainda árdua para a humanidade, todavia imprescindível.
ResponderExcluirAntônio Augusto Zoppi16 de janeiro de 2015 04:15
Ola Zildo.
A vida é um projeto genético. Tem Autor e Executor da Obra.
A Teoria da evolução nunca vai ser uma ciência, não encontraram o elo perdido, nem vão encontrar, pois ele não existe. Hoje os evolucionistas transformaram a teoria em religião. Os sinais dos tempos nos alerta: JESUS CRISTO ESTÁ VOLTANDO.
Neste mundo temos o mal e a morte, o bem e a vida. Por isso a nossa história é dialética. O caminho, a verdade e a vida podemos encontrar em Jesus Cristo. Ele ressuscitou e vive eternamente. O túmulo dele está vazio
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