sexta-feira, 14 de julho de 2017

PARA CRUZ E SOUZA: o poeta assinalado a ferro

Zildo Gallo


Nunca serás louco de loucura nenhuma;
Louca é a terra que te prende em desventura.
A algema que te prende é da pura alvura
Como a tua fina e caucasiana educação.

Cabe-te a razão: essa algema de tristezas,
Essa dorida e insuportável desventura,
Faz com que tua alma suplicante
Transborde em sonhos apoteóticos.

Tu és o maior poeta dessas terras
E povoa este mundo árido (puro pó)
Com as belezas vindas de tua alma triste.

Os teus espasmos alvos e desesperados
Cobram da miséria em que vivestes
O perdão para a tua imortal grandeza.


O ASSINALADO

Cruz e Souza

Tu és o louco da imortal loucura;
O louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema desventura.

Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma desventura extrema;
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.

Tu és o poeta, o grande assinalado;
Que povoas o mundo despovoado
De belezas eternas, pouco a pouco.

Na natureza prodigiosa e rica,
Toda a audácia dos nervos justifica,
Os teus espasmos imortais de louco.



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