terça-feira, 30 de outubro de 2018

ÁRVORE SECA


Zildo Gallo

Imagem: Renan Louzada

Por incontáveis primaveras flori.
Por incontáveis verões frutifiquei.
À minha sombra caminhantes repousaram.
Nos meus galhos pássaros se aninharam
E cantaram nas auroras e nos crepúsculos.
Nos anéis da minha madeira seca
Estão gravadas as memórias
Da minha longa vida-presença,
Bem fincada no chão profundo.
Por incontáveis primaveras flori.
Por incontáveis verões frutifiquei
E lancei sementes, extensões de mim,
Para a continuidade da vida,
Muitas brotaram,
Muitas cresceram
E muitas frutificaram.
Na madeira ressequida estão guardadas
As lembranças do dever cumprido.


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