domingo, 20 de julho de 2025

HAICAIS DO PINHÃO

 


1
O pinhão no chão
Da pinha sai o pinhão
E tudo é bom
 
2
Pinhão ao vento
Lançado sobre o chão
Corre menino
 
3
Verdade dita
O pinhão é semente
Deve prosperar
 
4
Bom é o pinhão
Na terra é semente
Na mesa é pão
 
5
Planta o pinhão
Cresce a araucária
Vêm novos pinhões
 
6
Pinha explode
Pinhão caído no chão
Vida que segue...
 
7
O pinhão no chão
Araucária nasce
Vida renasce
 
8
Inverno já é
É pinhão na fogueira
É bule com café
 
9
Assim é que é
A pinha e o pinhão
Castanha e pão
 
10
O pinhão no chão
Alegrias na mata
Vita que brota
 
11
Pinha e pinhão
Riquezas sobre o chão
Tostar castanhas
 
12
Arroz com pinhão
Alegrias na mesa
E no coração
 
13
Frio danado
Vai pinhão sapecado?
Conversa mole
 
14
Tá muito frio
Que tal pinhão assado
E fala mansa?
 
15
Pinhão tostando
A prosa avançando
Noite adentro

 

POEMA CONCRETO

Zildo Gallo

 

Texto

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

 

Refrigera dores

Ventila dores

Aspira dores

Liquidifica dores

Moe dores

Processa dores

Torra dores

Espreme dores

Rala dores

Amassa dores

Centrifuga dores

Decanta dores

Defuma dores

Coa dores

Limpa dores

Escorre dores

Seca dores

Umidifica dores

Desidrata dores

Sopra dores

Computa dores

Eleva dores

Lixa dores

Remove dores

Suga dores

Prende dores

E mais... muito mais...

Um imenso complexo industrial

Para lidar com as agruras

Destes tempos estranhos

Intensamente rústicos e duros

Feito concreto

terça-feira, 6 de maio de 2025

TRAMA NATURAL

 ZILDO GALLO

 

Foto: Fábio Durand/EPUSP

 

Num salto bem ligeiro,

Salvei o filhote bem-te-vi

Do ataque do teiú certeiro.

Uns reprovariam:

Interferiu na trama da natureza.

Outros apoiariam:

Salvou o frágil passarinho, que beleza!

Eu digo:

Também sou natureza

E é da minha natureza,

Com toda certeza,

A compaixão e a empatia.

É só isso... fiz com alegria.

O lagarto buscou outra refeição

E o bem-te-vi me agradeceu,

No seu pequenino coração:

Bem te vi! Bem te vi!

Também eu bem que te vi...

 


 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

TRÊS POEMAS AO ACASO

 ZILDO GALLO

 


 ANDARILHAR

 

Enquanto a vida erra

Zanzando pela terra

De sossego em sossego

De guerra em guerra

Entre o vale e a serra

Entre a selva e o deserto

Entre a morada e o relento

Entre o alarido e o silêncio

Entre a dor e a alegria

Entre a espera e a esperança

Entre a vida e a morte

Cadê o sentido?

O sentido é a caminhada

Andarilhos que somos...

 

PREDOMÍNIO

 

Enquanto predomina o capital

Predomina todo mal

Disfarçado em benesses

Em prazeres e quereres

Ilusão imediata na matéria

Que sobre a vida impera

Que sobre o espírito opera

Mas que dia após dia

Envelhece e apodrece

E o espírito clama por asas

Para livre poder voar

Para livre poder sonhar

 

O VOO DA SERPENTE

 

Rasteja a serpente

Sem pernas para caminhar

Sem asas para voar

Rasteja e se esconde

Sua sina é se esconder

Em silêncio transitar

Nas sombras de um mundo

Que lhe é hostil

A sombra é o seu domínio

A luz seu infortúnio

Toda sombra nos assusta

Toda serpente também

A serpente não pode

E não deve voar

Não nos assustemos

Com o voo da serpente

 

 

terça-feira, 29 de abril de 2025

LA VIE EN ROSE DE MINAS

 

ZILDO GALLO

  


Prioridades neste dia frio

Caneca bem cheia

Café com leite quente

Pães de queijo

Fumegando

Olhar e ver

Pelo vidro da janela

Salpicado de gotículas

A roseira farta

Em róseas cores

Iluminando

A umidade

Do céu nublado

Ô TREM BÃO!

segunda-feira, 14 de abril de 2025

SINCRETISMO NO CONGÁ

 Zildo Gallo

 
Figura 2https://umbandaead.blog.br/2016/12/23/oxala-nao-e-jesus

 E o Senhor Jesus disfarçado

Baixou no meu terreiro,

Bem disfarçado de Oxalá.

Grande reboliço no Congá.

Será Jesus Cristo?

Será Obatalá?

Tanto faz... deixa pra lá.

Saravá, meu Pai!

 

HAICAIS DO PINHÃO