A DANÇA DO JABUTI

Zildo Gallo

Devagar sempre estou indo

Devagar sempre estou vindo

Indo e vindo a caminhar

Bem devagar...

Bem devagar...

Nunca a correr

Não tenho pressa

Não me apressa!

Ah! não me joguem no rio

Da terra firme sou o jabuti

Nem é por causa do frio

Eu nem me arrepio

Eu só pareço tartaruga

Não me aluga!

Ela lá e eu bem aqui

Bem aqui a caminhar

Não nasci para nadar

Dois pra lá...

E dois pra cá...

E viva o jabuti

 

 

Haicai do beijo

Zildo Gallo

 

Os beija-flores

Beijam flores e voam

São muitas flores

  

TEMPO DE BANANAS

Zildo Gallo

 

 

Bananas para todos,

Muitas doces bananas,

Amadurecidas no seu tempo.

O tempo é o senhor da doçura toda.

Deixemos o correr do tempo

Amadurecer devagar,

Sem forçar,

As bananas e muitas...

Muitas outras frutas,

Muitas outras coisas.

 

OLHA O BARRIGUDINHO!

Zildo Gallo

 

 Guaru é um peixinho

Bem pequenininho,

Muito barrigudinho

E, além disso,

Muito... muito bonitinho.

Seu prato predileto...

Vejam só!

É larva de mosquitinho.

Haja guaruzinho

Para tanto mosquitinho!

Ainda bem que ele existe...

Ainda bem que ele existe...

Ainda bem...

 

 

MALHAR O ESPÍRITO

Zildo Gallo

 

 Debaixo do borralho dormem brasas,

Prontas para serem acordadas.

Na falta do vento, há que se pisar no fole!

Com as brasas acesas,

Aqueçamos o ferro rígido,

Não se deve malhar em ferro frio.

Assim se forja a espada do espírito,

Ela necessariamente tem que ser

Previamente amolecida.

 

LAMBARI

Zildo Gallo

 Lambari é peixe de todo rio,

Grande ou pequeno,

É peixe de todo lago,

É peixe de toda represa.

Que menino do campo

Nunca pegou um lambari?

Lambari, o eterno peixe

Da minha infância sertaneja.

 

BRINCADEIRA

Zildo Gallo

  

Criança bem feliz

Bem feliz a cantar

Sozinha põe-se a rodar

E bem alto bem alto

A declamar

 

“Zé Capilé

Tira bicho do pé

Pra tomar com café”

 

O café acabou

E o tempo é passado

Mas o Zé continua

Com o pé bem bichado